Bom, em primeiro lugar, sendo esta a minha primeira participação no blog, gostaria de mandar um abraço a todos os compõe o quadro de colunistas/blogueiros e dizer que é um prazer poder dividir esse espaço com vocês. Como não poderia deixar de ser, um abraço também a todos as leitoras e leitores. É um prazer ser lido por vocês.
Escolhi como primeiro assunto de abordagem a “guerra” contra o narcotráfico no Rio de Janeiro. As razões que me levaram a isso são simples: A importância evidente do tema e o “racha” de opiniões que ele tem provocado nos blogs sujos* da internet.
Tenho lido a respeito tanto nas revistas eletrônicas da mídia convencional (Folha de São Paulo e O Globo) quanto nos blogs sujos. O que mais me chamou a atenção é a divergência de opiniões a respeito da forma de ação da secretaria de segurança do Rio de Janeiro dentre os blogs sujos – que geralmente apresentam visões convergentes.
Uns sustentam, sem poupar elogios, que a ação da polícia fluminense foi um sucesso. Salientam principalmente a forma maciça e organizada com que foi organizado o cerco do complexo de favelas do Alemão, além de é claro elogiar a coragem dos atuais governantes de enfrentar o crime organizado carioca. Por outro lado, li diversos artigos que criticam de forma incisiva a abordagem inadequada feita pela equipe policial do Rio, que não respeita direitos básicos como inviolabilidade de domicílios, entre outros. Somado a isso, atacam as soluções “maniqueístas” utilizadas pelos atores políticos cariocas diante da proximidade de grandes eventos internacionais que o Rio e o Brasil sediarão.
A meu ver, ambas as visões são compreensíveis. Entretanto preciso dizer que a minha opinião a respeito do assunto é de que não existe – até onde os meus horizontes me permitem enxergar – outra saída a não ser o modelo aplicado pela polícia fluminense. Eu sou o primeiro a admitir que não é a melhor forma de abordagem, mas também sou o primeiro a admitir que não consigo propor uma outra. Haveriam inúmeras outras formas mais razoáveis e sutis de se intervir caso a situação não tivesse atingido tal gravidade. Os moradores do complexo do Alemão pagam o preço, portanto, duas vezes – uma pelo descaso, e a conseqüente situação com a qual nos deparamos, outra pela ação agressiva. A diferença, porém, é que o segundo pagamento, diferentemente do primeiro, pode vir acompanhado dos bens sonhados, a paz e uma vida mais digna. A garantia desses direitos – mais essenciais, porém não menos DIREITOS, que a inviolabilidade domiciliar – está ligada, a meu ver, a um trabalho firme de inclusão social** que vem sendo feito pelo governo Lula, e que Dilma promete continuar e ampliar, casada à ação coordenada das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) do governo do Rio de Janeiro. Essas políticas promoveriam um processo de revitalização das favelas, tornando-as bairros e não “cortiços”. Falando parece simples. Mas quem disse que a vida é fácil? Essas mudanças são graduais e complicadas, no entanto estão longe de serem impossíveis.
O governo atual mostrou que é possível construir um país mais justo, mais digno. Os desafios, tanto para o país quanto para o Rio de Janeiro, ainda são enormes. Mas quem disse que os cariocas, bem como todos os brasileiros, se acovardam diante deles?
Divergências a parte, tenho certeza de que todos os blogs sujos concordam que qualquer dos métodos de ação da polícia carioca serão de eficácia efêmera caso as políticas sociais e de segurança pública, que visam revitalizar as favelas, não sejam amplamente implantadas. Afinal de contas, o Brasil não acaba depois das Olimpíadas ou da Copa do Mundo. Mas talvez renasça, de uma vez por todas, um outro Brasil. O Brasil que queremos.
Felipe Vizzoto.
*Refiro-me aos blogs progressistas – como este – que tem conquistado cada vez mais seu espaço na mídia brasileira, contribuindo para uma discussão democrática no país. A denominação “sujos” foi conferida pela ilustre Verônica Serra, filha do candidato derrotado ao Palácio do Planalto, José Serra. O tiro saiu pela culatra. Se ser sujo é fazer jornalismo responsável, todos os blogueiros em questão tem muito orgulho de serem “sujos”. O apelido pegou.
**É bom que se registre que dentro do termo políticas sociais estão inclusos programas como: Luz para todos, Minha casa Minha vida, Bolsa Família, PROUNI, REUNI, entre outros. As políticas sociais não se resumem a programas de transferência de renda, mas também programas de habitação, saneamento básico e – mais importante – ampliação e melhoria (com inclusão) do sistema educacional brasileiro.
1 comentários:
O governo do PT realmente foi um governo social, que buscou a igualdade social por meio de vários projetos e programas. Mas penso que o governo apenas não tem condições de melhorar o pensamento que existe em relação à favelas e a violência e os demais problemas sociais que atingem esses locais. É preciso haver uma elevação no pensamento e na maneira de conceber a sociedade, tanto por parte dos moradores de favelas quanto dos moradores dos centros. Isso se dá, como foi bem pontuado, por meio de uma educação de qualidade. Para mim, o principal investimento que deveria haver é na Educação, e não apenas nos projetos sociais. Ela deve ser o projeto social. Como diz o ditado: "Não se deve dar o peixe, mas ensinar a pescar".
Postar um comentário